Numa parceria com a Secretaria Estadual de Educação (SEE), a 12ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, promovida pela Secretaria de Cultura e Fundarpe, realizou nesta última quarta-feira (14), no Memorial da Medicina (Recife), o IV Seminário de Educação Patrimonial – que este ano teve como tema “Práticas Educativas e Patrimônio Imaterial: saberes e diálogos”. A conferência de abertura foi feita pelo professor Dr. Hugo Menezes Neto (UFPE), na presença de 70 professores da rede pública, com a proposta de levantar questões sobre como abordar a educação patrimonial em sala de aula.
“O Seminário de Educação Patrimonial é a culminância de todo um trabalho que a Unidade de Educação Patrimonial da Fundarpe faz ao longo do ano. A ideia é estimular os professores para que esse trabalho não seja algo pontual, mas contínuo”, explica Amanda Paraíso, coordenadora de Educação Patrimonial da Fundarpe.
Jan Ribeiro/Secult-PE
Hugo Menezes é vice-chefe do Departamento em Antropologia e Museologia, e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE
Hugo Menezes é vice-chefe do Departamento em Antropologia e Museologia (DAM), e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É também Doutor em Antropologia pela UFRJ e dedica-se a pesquisas nas áreas de Cultura Popular, Patrimônio Imaterial, Antropologia Urbana e Antropologia Visual, entre outros assuntos.
Na ocasião, Hugo Menezes apresentou uma conferência intitulada “O Patrimônio e a desobediência epistêmica”. “Minha proposta é partir de uma lógica que seja desobediente a uma visão eurocêntrica. A ideia de valor patrimônio foi desenvolvida ao longo do século XX e em determinado momento houve uma escolha feita pelos governantes, ligados à elite brasileira”.
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Conversa com os professores teve a proposta de levantar questões sobre como abordar a educação patrimonial em sala de aula
Dentre alguns exemplos de concepção do que é patrimônio, o professor citou a cultura ianomâmi, na qual todos os bens de um ente falecido são destruídos. “O que é guardado são as narrativas sobre aquela pessoa, repassadas de geração em geração”.
“A educação patrimonial é uma garantia de direitos, deve ser emancipadora e desobedecer a essa lógica, ainda mais num no nosso país onde existem patrimônios dos mais diversos, de origem indígena e africana”, concluiu o professor, que depois conversou com os professores sobre o tema.
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Durante o Eixo 1, que tratou da capoeira, a apresentação trouxe um dos aspectos mais importantes deste patrimônio imaterial, que é a música
Após a conferência, o grupo foi dividido em duas turmas, que discutiram dois eixos temáticos: (1) Educação e ações de salvaguarda; (2) Racismo, antirracismo e as manifestações culturais. O Eixo 1 contou com a participação da professora Drª Izabel Cordeiro, mais conhecida como Mestra Bel, e Ricardo Pires, o Mestre Mago, ambos do Centro de Capoeira São Salomão.
A apresentação trouxe um dos aspectos mais importantes da capoeira, que é a música. “É nesse ambiente que contamos histórias antigas, de luta e de dor, e levamos essa poesia para vários lugares. Quando falamos da capoeira falamos da herança de povos que vieram escravizados para o Brasil”, disse Mestra Bel. A Capoeira é Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN e Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
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Quem também participou do Seminário foi o babalorixá Pai Ivo Xambá, representante da Nação Xambá, Patrimônio Vivo de Pernambuco
Já o eixo 2 teve a presença do mestrando do Programa de Pós graduação em Educação da UFPE, Emerson Nascimento e o babalorixá Ivo de Xambá. Para Pai Ivo da Xambá, representante da Nação Xambá, Patrimônio Vivo de Pernambuco, é importante que se discuta com profundidade em sala de aula a história e a cultura do povo negro brasileiro. “Mandela já dizia: ninguém nasce racista, é a sociedade quem constrói isso. Se dentro do ambiente escolar a gente quebrar essa ideia, vamos conseguir mudar esse quadro”.
O IV Seminário de Educação Patrimonial contou ainda com uma exposição de banners da EREM José Vilela, coordenado pelo professor Anselmo Cabral com o tema “Patrimônio Imaterial de Pernambuco: pesquisas históricas e afetivas em torno dos nossos saberes e fazeres”.
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O Seminário também contou com a mostra “Patrimônio Imaterial de Pernambuco: pesquisas históricas e afetivas em torno dos nossos saberes e fazeres”, elaborada por estudantes da rede pública do estado
Rede de Educadores Patrimoniais de Pernambuco – De acordo com Amanda Paraíso, em maio deste ano foi criada a Rede de Educadores Patrimoniais de Pernambuco, numa parceria entre a Secult-PE/Fundarpe, SEE e Iphan. Na ocasião, professores representantes de cada Gerência Regional de Pernambuco participaram de uma formação para estimular um trabalho contínuo sobre o tema em sala de aula. Alguns educadores envolvidos nesta Rede participaram do Seminário e vão realizar, ao longo deste segundo semestre, uma série de atividades com seus alunos.
Fonte:
http://www.cultura.pe.gov.br/canal/patrimonio/iv-seminario-de-educacao-patrimonial-discute-alternativas-para-o-ambiente-escolar/
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